quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Maçonaria e a Independência do Brasil

Não é possível entender a Independência do Brasil sem estudar o papel da Maçonaria na época, para dar início neste tópico buscarei a luz em uma palestra que assisti na loja Maçônica Estrela da Lapa n° 7 de um não Maçom.

Em 1822, a Maçonaria brasileira encontrava-se dividida entre duas grandes facções. Ambas desejavam a Independência do País, porém uma delas situada no Rio de Janeiro e liderada pelo Advogado Joaquim Gonçalves Ledo e o nomeado cônego da capela Real por Dom Pedro I, Januário Barbosa,  defendia idéias republicanas, já a outra liderado por José Bonifácio de Andrada e Silva, naturalista, estadista e poeta brasileiro que acreditava que a melhor solução era manter D. Pedro como imperador em regime de Monarquia Constitucional. Esses dois grupos disputavam o poder de modo passional, o que resultou em prisões, perseguições, exílios e expurgos.

D. Pedro participou das duas lojas citadas acima ativamente, primeiro por curiosidade e depois com o interesse em controlar e vigiar as correntes políticas revolucionárias da época. Eram as duas facções nomeadas como Grande Oriente do Brasil (liderada por Joaquim Ledo e Januário Barbosa) e a Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz (liderada por José Bonifácio).

Nestas foram estudadas, discutidas e aprovadas decisões importantes como o manifesto Dia do Fico, os detalhes da aclamação de D. Pedro a "Defensor Perpétuo do Brasil", a convocação da constituinte e finalmente a proclamação do Imperador.

Em uma época que não existiam os partidos políticos foi a Maçonaria que elevou o sentimento da necessidade da Independência.

A Maçonaria no século XIX era extremamente subversiva, chegando até mesmo a trazer novas correntes de pensamento antes desconhecidas da população, que nem existiam na América como um todo, como exemplo deste era a República.

Para que possam ter uma ideia da influência desta Augusta Ordem a Independência foi proclamada por um Grão Mestre Maçom, especificamente D. Pedro, este foi iniciado na Loja Comércio e Artes no dia 2 de Agosto de 1822 com o nome Guatimozim (homenagem ao último Imperador asteca), foi promovido ao grau de Mestre três dias depois de sua iniciação, dois meses depois elevado ao grau máximo, o de Grão-Mestre. Para D. Pedro, pois estar ligado a Maçonaria que na época representava grande força política o interessava muito, assim como para a Maçonaria, era não menos importante ter um representante da casa real portuguesa ao seu lado para iniciar o processo de emancipação do Brasil.

Agora para esclarecer o episódio da Independência brasileira, há de compreendermos que esta não foi obra exclusiva dos Maçons, que D. João VI ao elevar o Brasil a categoria de Reino Unido ao de Portugal e Algarves em 1815, este separou de fato o Brasil de Portugal, dando assim o primeiro e decisivo passo para esta independência. Em 1821 com os decretos 124 e 125 o mesmo extingui o reinado do Brasil e determinou o regresso de D. Pedro com toda a família real para Portugal (a comunicação estreita entre D. Pedro e D. João VI, por intermédio de cartas deixa claro que os fatos transcorridos eram de conhecimento e concordância do Rei de Portugal), assim em uma carta que escreveu ao pai em 2 de janeiro de 1822, D. Pedro escreveu: "Farei todas as diligências por bem para haver sossego, e para ver se posso cumprir os decretos 124 e 125, o que me parece impossível, porque a opinião é toda contra, em toda a parte" (assim começava a desenvolver-se o famoso dia do "FICO").

O príncipe chegou a rascunhar um manifesto de despedida a todos brasileiros, mas já estava em curso a ativa campanha da Maçonaria que enviou três documentos feito sob inspiração e liderança Maçônica rogando por sua permanência no Brasil em descumprimento dos Decretos da Corte Portuguesa. O documento Paulista foi redigido por José Bonifácio de Andrada e Silva, o documento fluminense pelo Frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, orador da Loja "Comércio e Arte" e por último o documento mineiro redigido por Pedro Dias Paes Leme.

Estes fatos descritos demonstram que a Maçonaria não tinha a hegemonia em suas mãos, mas sim que os atos foram de diversas supressões feitas aos poderios da época e mais é possível acrescentar, pois os episódios que marcaram a nossa independência envolveram além de maçons, também outros diversos cidadãos, (lideranças conscientes do papel que desempenhavam) com a busca por intermédio do diálogo ou mesmo pelo combate e defesa dos direitos de liberdade. Estes homens tiveram motivação organizada, seja esta idealizada em loja ou não, a mesma se deu em busca de uma sociedade mais justa.

O início de nossa história foi de grande autonomia politica com movimentos independentistas, assim o processo de mudanças Maçônicas agiu e continuará a agir, pois este é um processo longo de mudanças que exige a participação de uma sociedade como um todo e do envolvimento de muitas gerações.

Postarei diversos atos históricos que envolvem esta Augusta Ordem e espero ter esclarecido de forma clara este importante fato histórico tão importante para o Brasil, porém se restarem dúvidas estou a disposição para respondê-las.

Um grande abraço a todos e até o próximo post.

2 comentários:

  1. Boa noite,

    Acabei de ler os seus posts e gostei muito. Trata de uma forma simples e bastante substancial.
    Estou fazendo um trabalho na faculdade sobre a Participação Política da Maçonaria no Brasil.
    Gostaria de saber se você poderia me ajudar esclarecendo alguns pontos sobre o assunto.

    Segue meu email: hta.krischna@gmail.com

    Att,

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    1. Muito obrigado fico muito feliz de saber que gostou dos posts, espero que possa lhe ajudar, mandei-lhe um e-mail no contato que deixou.

      Abraços Fraternos.

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