segunda-feira, 8 de julho de 2013

A Caneta que Desenhava o Futuro

Leonardo Da Vinci é um nome que une arte e ciência, foi pintor, arquiteto, tecnólogo e pesquisador. Tornou-se um mito no seu tempo, foi acusado de bruxaria e, para muitos dos seus contemporâneos era considerado uma espécie de Mago Merlin a serviço da nobreza e dos poderosos.

Inventou muitíssimos objetos que fazem parte dos nossos dias, incluindo as lentes de contato e os tanques de guerra.

Leonardo mandou um hábil artesão fabricar para si uma caneta parecida com uma caneta-tinteiro, diferente da pena de ganso, que até então era o único instrumento para escrever na sua época, ela não precisava do tinteiro para lançar mão da tinta.

Da Vinci teve sua infância no campo na aldeia dos seus avós, este nasceu 40 anos antes da descoberta da América por Cristóvão Colombo, em uma aldeia na região de Florença, então capital de um dos muitos Estados em que estava divida a Itália. Leonardo cresce no fim do período histórico que na Europa foi denominado de Idade Média, em boa parte sombria para as artes e as ciências. Torna-se adulto, artista e cientista no início do período que é definido como Renascimento.

Mais que isso, para muitos Leonardo é o homem do Renascimento, aquele que, mais do que qualquer outro, representa a reabilitação da arte, da ciência e da razão.

Esta ilustre figura é filho do Ilustríssimo Senhor Piero da Vinci, seu nascimento foi registrado na data de 15 de abril de 1452, em um sábado as 22hrs30min, sua mãe se chamava Caterina, mas seus pais não eram casados, pois ela era uma camponesa enquanto ele um homem nobre, da família mais importante de Vinci, Piero se casou com Albiera, filha de um tabelião de Florença, já sua mãe era casada com Attaccabrighe, não morou este com sua mãe nem seu pai, pois tinha residências distintas.

Aprendeu a ler com seu avô e este era canhoto, costumava caçar com seu Tio Francesco e aprendeu com este a atravessar com segurança córregos e pântanos.

Em sua época as únicas máquinas difundidas eram os moinhos, perto de seu vilarejo havia um usado para fazer farinha moendo o trigo, amassar azeitonas e extrair o azeite, assim a água e as máquinas deixaram Leonardo fascinado por toda a vida, ele inventou máquinas extraordinárias, que serão de fato produzidas somente em nossos dias.

Seu tio Francesco é que o ensina a desenhar com lápis numa folha de papel, em sua época o papel era algo precioso, mas seu pai sendo tabelião de notas, sempre teve em casa papel tinta e pena de ganso para escrever. Seu tio de acordo com afirmação de seu avô só pensa em garotas e usa este artífice como fonte para conquista, pois segundo o mesmo afirma “As garotas gostam de ser desenhadas”.

Quando novo ia sempre à oficina de cerâmica, onde aprendeu a modelar argila, fazendo pequenos vasos, pratos e esculturas, depois o ceramista queimava as peças no forno e endurecia a argila.

Mas desde muito jovem, tinha o sonho de ser um passarinho e intentava voar mundo afora.

Embora Leonardo fosse o primogênito de Piero, era filho ilegítimo, isso o impediu de seguir a profissão do seu pai (creio eu que nada mais nada menos do que Deus, estava desenhando as linhas de um futuro brilhante), seu pai o vai buscar e este tem carinho por seu filho, também não se importa muito com as convenções sociais e assim leva seu filho consigo.

Seu pai se ocupa de política enquanto seu filho Leonardo é paparicado por cozinheiros e criados, este casasse novamente, Leonardo tem meios-irmãos em número suficiente para montar um time de futebol.

É inscrito por seu progenitor em uma escola de ábaco (espécie de calculadora manual), seu professor diz que este é muito bom, mas também diz que é um pouco estranho, nem mesmo tenta corrigir o seu canhotismo, assim como é de costume na época e todos percebem que este desenha muito bem com a mão esquerda. Assim seu pai pega seus desenhos que ficavam sobre a mesa e o leva para a oficina de arte mais badalada da cidade a oficina de Andrea Del Verrocchio, mesma oficina que trabalham outros jovens, como Sandro Botticelli e Pietro Vannucci (conhecido como Perugino).

Este inicia na oficina aprendendo a moer pedras para fazer tinta, (garante Botticelli que todos começam desta mesma forma, para que Leonardo se mantenha calmo e persistente), mas este não faz apenas desenhos, aprende a pintar com perfeição, começa a finalizar os desenhos de Verrocchio, seu Mestre diz que este tem muita habilidade, mas um dia se enfurece e diz que se todos seus aprendizes pintassem como o próprio Leonardo, ele desistiria de pintar.

Alguns anos depois se inscreve na Corporação de São Lucas, uma associação dos pintores florentinos, onde se tornará um pintor profissional. A primeira pintura a óleo sobre madeira deste tem por título A Anunciação, já sem a tutela de Verrocchio.

Esta representa a cena do Arcanjo Gabriel anunciando à Virgem Maria que ela conceberia Jesus Cristo. A tela, uma das primeiras pinturas conhecidas de Leonardo, foi produzida entre os anos de 1472 e 1475, assim este contava com 20 a 23 anos de idade e nesta idade já tinha seu talento reconhecido, pois esta pintura foi uma encomenda para Leonardo recebido do convento de São Bartolomeu do Monte Oliveto.

Todos, então, já reconhecem o talento deste excepcional artista.

Leonardo acreditava que podia pintar qualquer coisa no mundo, seu pai certa vez lhe trouxe uma rodela de madeira porque queria que Leonardo pintasse para o administrador de sua fazenda. Preencheu com pequenos monstros e lhe deu um aspecto tão terrível e assustador que seu pai quis para si. Depois, ele a revendeu por um preço exorbitante.

Em primeiro de janeiro de 1478 Leonardo recebeu primeira encomenda do governo da cidade, remuneração de 25 florins, tratava-se de uma mesa de madeira, para o Palácio della Signoria, mas nunca a terminaria. Quem terminou este trabalho foi seu colega Filippino Lippi, que complicava menos as coisas.

Neste mesmo ano a família Medici a mais poderosa de Florença foi atacada na Igreja pela família rival, os Pazzi. Giuliano Medici foi assassinado, seu irmão Lorenzo mesmo ferido e sangrando sobreviveu.

Um ano depois, o assassino de Giuliano Medici é capturado e enforcado, sem nenhum processo legal. Leonardo desenhou o acontecimento como um repórter fotográfico de hoje em dia, mas não foi escolhido pelos Medicis para fazer o quadro para imortalizar o episódio.

Embora não faltassem trabalhos para Leonardo este não conseguia se concentrar e gasta sua energia com mil coisas diferentes, chega até a abrir um restaurante com seu amigo Botticelli.

Estava sempre no ateliê de seu amigo Zoroastro, este era um pouco artesão, um pouco artista e um pouco mágico, para este Leonardo levava seus desenhos das máquinas que gostaria de construir e ele fazia os protótipos.

Depois de ser acusado de atos imorais com outros jovens, caso este que se fosse confirmado poderia ser queimado na fogueira, Leonardo decide se mudar para Milão, saindo de Florença, a viagem a cavalo levou três dias, hoje em dia esta viagem levaria menos de três horas de trem, ou pela estrada

Em sua viagem foi acompanhado por Atlante Migliorotti, músico que toca lira, nesta cidade vai também convidado como lirista assim como Atlante, mas na verdade este tem interesse de ser contratado em funções diferentes. Numa carta que enviou ao duque ele mesmo se descreve como um engenheiro hábil, inventor de mecanismos de guerra.

Trabalhando para Verrochio Leonardo aprende a fundir metais e recebe a função de fazer a maior estátua equestre em bronze já feita no mundo até aquele momento.

Leonardo foi convidado para pintar um retrato de Cecília Gallerani a amada do Duque, esta com quem o artista simpatiza muito. É um quadro curioso, pois a retratada tem um arminho nos braços, uma espécie de doninha, parecido com o furão. O retrato é tão belo e intenso que permite que o seu autor ganhe a confiança ilimitada do duque.

O quadro supracitado é o mais celebre de Leonardo depois de Mona Lisa, também conhecido por A Gioconda.

Nosso artista retratado aqui passa nesta cidade pela grande peste, e neste os pobres morrem aos montes, os mortos são recolhidos pelos caminhos e enterrados em grandes fossas comuns, os ilustres doutores dizem que a peste ocorre por causa dos vapores dispersos no ar. Leonardo pelo contrário acredita que a doença se espalha por outros motivos, a falta de esgoto e a sujeira que existe por toda parte.
  
Leonardo toma suas precauções tomando banho, mantendo-se limpo e também era vegetariano.

Pensando em afastar o povo desta peste projeta um sistema de esgotos ideal que se expande em vários níveis. Depois disto este é nomeado engenheiro da corte do Duque Ludovico o Mouro. Como tal projeta novos edifícios, obras, fortalezas e obras de utilidade pública, melhora máquinas e inventa outras.

O duque e sua corte o admiram, mas passam a amá-lo quando passa a colocar sua criatividade a favor das festividades e recepções, algumas delas entram para a história.

O Baile dos Planetas, casamento de Gian Galeazzo Sforza com Isabel de Aragão, este será lembrado pela quantidade de maravilhas que sucederão, Leonardo desenhou cenografia, máquinas de cena, fez o uso do trabalho de centenas de pintores, operários, um exército de costureiros, para trabalharem nos trajes que Da Vinci também desenhou. Entre as surpresas estão a erupção de um vulcão com fogo e lava, mas a máquina mais espantosa que constrói é a que imita os movimentos dos planetas. Estrelas, Sol e Lua que giram ao redor da Terra numa dança excepcional, esta máquina ilustra o radiante horóscopo dos dois jovens noivos.

Infelizmente o menino que interpreta o Sol vai morrer por causa da tinta dourada com que estava pintado.

Como engenheiro está sempre a se transportar pelos mais longínquos domínios de Ludovico, levando consigo sempre seu caderninho de notas e sua caneta especial, esta se trata de um objeto realmente único, que Leonardo mesmo projetou. É um tipo de caneta capaz de escrever e desenhar sempre com a mesma qualidade e principalmente, sem ter de molhar continuamente o bico da pena no tinteiro.

Neste caderninho, Leonardo escreve tudo a sua maneira, da direita para a esquerda, até mesmo sua assinatura, este não é um código indecifrável era necessário apenas um espelho para ler, porém aos leigos os meus escritos permanecerão um mistério durante séculos.

Como pintor este grande artista trabalhou num grande afresco no refeitório da Igreja Santa Maria delle Grazie, em Milão. Tem o título de A Última Ceia, quando nem estava terminado já recebia visitas de pintores e curiosos de todas as partes da Europa.

Um dia chega a sua cada uma senhora bastante idosa, é a sua Mãe Caterina, ela tinha ficado viúva e seu outro único filho foi para a guerra. Estava precisando de ajuda, Leonardo passa a responsabilizar-se por ela e abriga-a em sua casa.

Luís XII, novo Rei da França, descendente dos Visconti, soberanos anteriores de Milão, eles foram removidos do poder exatamente pelo pai do Mouro, com essa desculpa, Luís XII declara guerra a Ludovico.

No verão de 1499, o exército de Luis XII invade o Ducado de Milão, as máquinas e as defesas que Leonardo havia organizado adiantaram pouco, em outubro as tropas francesas entram na cidade sem o disparo de nenhum tiro, pois o duque Ludovico havia abandonado a cidade, até sua estatua de argila foi reduzida a mil pedaços. Assim Da Vinci parti amargurado, pois sua vida dá uma grande reviravolta.

Saído de Milão Leonardo teve passagem pela Cidade de Mântua, a marquesa Isabella lhe ofereceu um trabalho como perito militar, mas na verdade ele desconfiava o que queria ela na verdade era um autorretrato seu feito pelo artista, mas a contra gosto, pois a acha antipática, por querer escolher as cores, o enquadramento o tema e tudo o mais, Leonardo na verdade não a suporta, por isso deixa-a falando sozinha e parte para Veneza.

Em Veneza é nomeado como conselheiro militar e como tal propõem desviar um rio para afogar o inimigo traça um plano de ataque que prevê o emprego de mergulhadores e sapadores subaquáticos. Mas seus conselhos não são escutados, pois bate de frente com ideias velhas e com almirantes poderosos, como não gosta de não ser ouvido vai embora.

Leonardo ainda trabalha com César Bórgia, como engenheiro militar, sendo indicado por seu amigo Nicolau Maquiavél, assim ele é muito bem pago e também super bem tratado. Para fins militares também desenha os mapas da cidade, a novidade desses mapas é que são feitos em escalas orientados segundo os pontos cardeais, muito precisos e completamente inovadores na época.

Mas César Bórgia é cada vez mais insuportável e terrível, tendo um lado obscuro, péssima índole assassina, até as pessoas que lhe são mais leais e entre elas estão alguns amigos meus, rebelam-se a certa altura, gostariam que ele adotasse um comportamento mais humano, mas o que ele faz? Ele as convida para seu palácio. Eles aceitam, sentam-se à mesa e ele dá ordem de estrangulá-las. Assim Leonardo decide mudar de ares antes que fosse tarde demais.

A experiência com César Bórgia fez de Leonardo um perito militar difícil de ser vencido e muito temido por príncipes e governos. Este projetou muitas máquinas de guerra, como a balista (maquina lança-pedras) e a engenhoca que chamou de metralhadora, para disparos múltiplos de arma.

Quando retorna a Florença como conselheiro militar, acha que não tem rivais, mas ao invés disso, encontra um concorrente de todo o respeito, um jovem escultor chamado Michelangelo Buonarroti, este o deixou verdadeiramente incomodado.

Um relato de uma conversa dos dois pode ter de vez revelado a insatisfação de Leonardo com Michelangelo esta foi nos seguintes termos:

Sempre se encontravam nas ruas, nas praças e nas festas dos grandes senhores de Florença. Nestes encontros certa vez Michelangelo afirma que a escultura é superior a pintura (o que Leonardo encarou como uma grande ofensa),  dizendo que a pintura é coisa de mulher, de gente com as mãos delicadas como as de Da Vinci, foi neste momento que este pegou uma barra de ferro e entortou e disse: “Agora tente endireitá-la, escultor braço-de-tora”.

Dizem que este respondeu com uma rima, mas nos diversos escritos de Leonardo diz não ter ouvido rima nenhuma.

Michelangelo, 23 anos mais jovem que o rival, era irreverente, impetuoso e, não raramente, malcriado. Sua intempestividade lhe rendeu brigas homéricas com os Médicis, a família florentina que patrocinava grande parte dos artistas da época.

Discordava daqueles que viam em Leonardo um gênio. Mas, num cantinho qualquer do seu ateliê, Michelangelo se via na obrigação de estudar as experimentações de seu grande desafeto, por ele ter sido precursor de uma série de inovações técnicas – como o “claro/escuro”, o jogo de sombra e luz. “Michelangelo nutria por Leonardo um misto de inveja, discordância e admiração velada”, diz Maria Elisa de Oliveira Cezaretti, professora de História da Arte na Faculdade Belas Artes, de São Paulo.

Por causa das constantes viagens a trabalho – para Roma, Milão, Bolonha e para países vizinhos –, decorrência das encomendas dos mecenas, é provável que os dois gênios renascentistas não tenham passado muito tempo juntos em Florença. Se essa relativa distância ajudou ou atrapalhou uma possível aproximação, ninguém pode dizer. Outra coisa sobre a qual é difícil dar certeza é sobre o quanto as diferenças entre ambos – e também o que tinham em comum – colaboraram para a inimizade. Um dos únicos a especular sobre o assunto foi Sigmund Freud. O pai da psicanálise encontrou algumas semelhanças entre ambos: de um lado, os dois tinham dificuldade em lidar com a figura da mãe, ausente em suas infâncias. De outro, os dois eram homossexuais – Leonardo mais bem-resolvido, Michelangelo totalmente enrustido. Essas questões, levantadas por Freud, só ele mesmo explica – a maioria dos historiadores da arte não considera esses aspectos nas suas análises.

Mas se Michelangelo era uma pessoa difícil, Leonardo também tinha seus ímpetos. “Há um episódio divertido que aparece em um dos seus blocos de notas”, diz a historiadora Liana Rosemberg. Era um sábado santo e um padre fazia a ronda da sua paróquia, abençoando as casas com água benta. Ao entrar na sala do pintor, o padre espalhou água benta sobre algumas obras. “Por que o senhor está molhando as minhas pinturas?”, perguntou Leonardo, aborrecido. “Esse é o meu dever”, disse o padre, explicando que, segundo a promessa divina, quem pratica o bem na Terra recebe o dobro no Céu. Leonardo esperou o padre terminar a bênção e subiu para a janela da sua casa. De lá, quando o padre saía, despejou uma bacia de água sobre sua cabeça. “Eis o dobro que está vindo de cima em retribuição ao bem que o senhor acabou de me fazer com a água benta, arruinando metade das minhas pinturas.”

Ainda para piorar os ânimos entre os dois ícones da arte, Leonardo Da Vinci é chamado para retratar numa grande parede do palácio do governo uma cena de guerra a batalha de Anghiari em que os florentinos venceram os milaneses em 1440. Leonardo fica contente com o convite só tem um problema na parede da frente Michelangelo foi convidado a fazer um afresco tão grande quanto o seu, pintando a batalha de Cascina, mas nenhum dos dois termina suas pinturas. E infelizmente não nos foi possível ver de frente as duas pinturas em forma de batalhas, talvez retratando o que havia um com o outro.

O que parece razoável é pensar que a existência da rivalidade só fez o trabalho de Michelangelo e Leonardo crescer. “As obras deles se tornaram atemporais – e esta é a marca dos gênios”, afirma Liana Rosemberg. Que o digam a provocadora Mona Lisa (1506), enigmática como Leonardo, e a última Pietà (1564) de Michelangelo, que transpira a tempestade de emoções e o sofrimento de seu criador.

Foi nesta época também que Leonardo iniciou seu quadro mais famoso, o de Monalisa, a conhecida  também como Gioconda, mas nunca será entregue este quadro a quem encomendou, sempre levará consigo, retocando e aperfeiçoando a obra pelo resto da sua vida.

Leonardo se muda novamente para Milão chamado por Charles d’Amboise, marechal da França e governador de Milão, seu pai nesta mesma época morreu, deixando dez filhos e duas filhas, além de Leonardo. 

Como mente inventiva que era Leonardo neste mesmo tempo estudou a luz e a visão, pensa que esta se propaga como ondas, faz assim experiências de óptica com lentes de vidro, chega perto de inventar o telescópio e até constrói um aparelho muito parecido com um projetor.

Novamente Leonardo se muda, pois os franceses são expulsos de Milão e mais uma vez faz suas malas, porém antes de partir percebe pelos seus estudos de anatomia, que a estrutura humana pode resolver diversos problemas mecânicos e arquitetônicos, pois contempla a perfeição arquitetônica do corpo humano.

Este desenho de Leonardo é chamado Homem vitruviano, porque ilustra um capítulo do livro de Vitrúvio (arquiteto e engenheiro da Antiga Roma), onde são descritas as proporcionalidades entre as partes do corpo humano.

Terá assim tempo para se aprofundar nos estudos de anatomia, mas é espionado pelos dois assistentes que lhe são designados, que veem cortando um cadáver e o denunciam por bruxaria, então tem que interromper seus estudos por ordem do Papa.

Os romanos o acham um bruxo, assim decide se divertir um pouco com essa história. Prepara então uma pegadinha para quem vai bisbilhotar sua casa. Ele deixa o visitante à vontade numa saleta onde instalou um intestino de boi, que infla até fazê-lo ocupar todo o espaço disponível, quase sempre o visitante não entende o que está acontecendo, acha que a sala está encolhendo e grita aterrorizado. Também adestra um grande lagarto e lhe ensinou a ficar empoleirado nos seus ombros, coloca em sua cabeça dois assustadores chifres e, no corpo, uma dúzia de olhos suplementares e duas grandes asas membranosas, o resultado disto um dragão. Mantém o animal fechado numa caixa que leva consigo, quando o solta nos salões do Vaticano acontece uma confusão geral.

Faz ainda pequenos dragões de papel colorido que lança de sua janela. São apenas minúsculos planadores coloridos, mas para os supersticiosos daquela cidade, são piores do que qualquer alienígena imaginado em nossos dias. Esses pequenos monstros voadores são apenas brinquedinhos inofensivos, mas na realidade ele estava tentando construir uma máquina voadora há muitos anos, estudou o voo dos pássaros, projetou asas artificiais e construiu máquinas capazes de movimentá-las. Algumas de suas máquinas voadoras funcionariam admiravelmente, se fossem movimentadas por motores ou fabricadas com os novos materiais sintéticos, mas no século XVI tentar um voo humano com uma das suas máquinas eram um empreendimento perigoso. Assim mesmo, muitos tentam, até Zorooastro, o mago, artesão e amigo de Leonardo.

O papa encarrega o artista de desenhar o mapa dos Pântanos Pontine e depois projetar o saneamento do local, os canais vão escoar as águas estagnadas até o mar, esta foi a maior obra hidráulica realizada neste século, posteriormente a região ficou habitável e cultivável graças ao projeto deste sábio.

O papa seu admirador pessoal o nomeia embaixador e o envia ao encontro do rei da França Francisco I.

Leonardo o encontra em Bolonha, como presente e sinal de paz constrói um robô em forma de leão de ouro, este é um leão assustador que avança na direção do rei e depois se abre, depositando a seus pés centenas de lírios brancos símbolo da coroa francesa.

O rei o convida para seguí-lo até a França, oferecendo uma altíssima quantidade em dinheiro, uma residência nobre, tempo e recursos que quisesse para continuar suas pesquisas. Leonardo aceita.

Uma passagem subterrânea liga sua casa ao castelo do rei, e ele sempre vai ao encontro do grande artista pedir-lhe conselhos, mas não é considerado um criado faz tudo, para o rei Leonardo é um amigo, um confidente meio mágico.

Os anos passam e Leonardo vai ficando velho, cansado e cheio de doenças. Uma espécie de artrite paralisa-lhe as mãos, por este, cansa de escrever e desenhar Melzi e Salai o ajudam a terminar seus últimos quadros como o São João que aponta para o céu.

Leonardo evidência que a mão neste quadro está apontada para o céu, pois este pensa em ir embora logo, mas uma teoria interessante fala que esta é a representação da mão dos mistérios, que é um convite para adentrar aos conhecimentos mais sublimes, aos maiores mistérios e o dedo apontado para cima afirma: “O que está acima é como o que está abaixo”. Não deixando de significar que Leonardo queria compor o Oriente Eterno, porém mais que isso segundo esta hipótese bem intrigante Leonardo, acreditava que ao deixar o corpo passaria a compor o conhecimento de tudo e de todos e que tudo seria revelado sem chaves, ou segredos.

                No dia 23 de abril de 1519 faz assim seu testamento. Deixa aos seus meio irmãos de Florença tudo o que ficou na Itália, inclusive uma conta de 400 escudos de ouro e a pequena propriedade recebida do seu Tio Francesco, a cada um de seus criados e colaboradores deixa alguma coisa, para Salai deixa um vinhedo de 100 escudos de ouro, para Francesco Melzi, todos seus desenhos.

            Leonardo deixa o mundo em 2 de maio de 1519, parte em paz e rodeado de seus amigos, foi sepultado em Amboise, numa capela próxima ao castelo e logo virou mito, na arte, na ciência e na tecnologia, não há uma área do conhecimento em que ele não tenha deixado uma marca ou uma invenção concreta, tudo foi documentado no inestimável patrimônio de escritos e desenhos que confiou ao seu amigo Francesco Melzi.

Infelizmente quando Melzi retorna à Itália com esse tesouro consegue juntar apenas o Tratado da Pintura, o restante do material, primeiro foi esquecido no sótão de casa de Vaprio d’Adda, depois disperso e, em parte, perdido. Somente mais tarde (décadas e mesmo séculos depois), as mais de 3.500 páginas escritas e desenhadas por Leonardo começaram a ser colocadas em ordem e reunidas em “códigos”. Código de Madri, Código Foster, Código Windsor e ao Código mais encorpado foi dado o nome de “Código Atlântico”, pelas dimensões do volume, parecidas com aquelas de um atlante geográfico, ou talvez para recordar o mítico Atlante, que segundo os antigos gregos, levava o globo terrestre nos ombros, e aqui, neste código leva uma enorme quantidade de conhecimentos.

A redescoberta e a catalogação dos apontamentos de Leonardo ainda não chegaram ao fim e reservam contínuas surpresas. Mas uma coisa é certa, se o trabalho tivesse sido logo corretamente interpretado, ordenado e divulgado, a civilização teria progredido aos níveis atuais com alguns séculos de antecedência. Talvez Napoleão tivesse viajado de avião e teríamos já colonizado todos os planetas do Sistema Solar, ainda o homem muito provavelmente tivesse mais respeito pela natureza e pelos recursos naturais do planeta.

Curiosidades:

Leonardo da Vinci foi um dos grandes Alquimistas de nossa história, recorreu a esta para produzir tintas e depois utilizava-as em suas pinturas.

Arte daqueles que se propunham a transformar metais comuns em ouro, quem sabe por meio da pesquisa da mítica Pedra Filosofal, o que na verdade não diz respeito a transformação de metais, mas sim do homem, a ascensão espiritual e a melhoria dia-a-dia em busca da perfeição, mas é também o conjunto de conhecimentos químicos e metalúrgicos do tempo de Leonardo.

Nos estudos do corpo e dos órgãos que compõem um ser vivo Leonardo dissecou corpos de defuntos para desenhar seus órgãos internos, por causa de tais pesquisas foi acusado de bruxaria.

A arte técnica de projetar e construir edifícios e outras grandes obras. Leonardo projetou castelos, catedrais e uma cidade inteira. Para Leonardo, como para os antigos gregos e romanos “arte” queria dizer “saber fazer bem”. Assim, em cada trabalho seu, colocava todos os conhecimentos e a habilidade que tinha, além de claro todo seu enorme talento.

Criou balas muito parecidas com as concepções usadas hoje em dia, criou uma balestra com dispositivo mecânico, com capacidade de repetições, uma bicicleta moderna representada de forma tridimensional (invenção encontrada no Código Atlântico e atribuído como invenção de Salai o espertinho e travesso criado de Leonardo), projetou impressionantes canais, um projeto de caneta muito parecida com as canetas-tinteiro modernas, o escafandro que era um sistema para caminhar debaixo d’água, com o objetivo de alcançar e sabotar os navios inimigos.

Houveram outros montes de invenções como o espeto automático que era muito difundido no tempo de Leonardo, este girava automaticamente movido pelo ar quente que subia pelos cantos da churrasqueira, projetou o parafuso aéreo, que permitia que se levantasse voo graças a um princípio com as hélices dos helicópteros, lentes de contato, mapas em escala, moedor, morteiro boca-de-fogo primitiva, que lançava grandes bolas de pedra ou de ferro, nadadeiras pés-de-pato, paraquedas em forma de pirâmide, enormes pontes, colete salva vidas, conjunto de obras de saneamento, sistema para flutuar sobre a água (sapatos flutuantes), submarino, tanque de guerra e muitos outros.

Algumas de suas invenções são tão modernas que alguns autores chegam a cogitar que este tinha origem extraterrestre.

Realmente uma sabedoria inigualável, para a época em que viveu era praticamente inimaginável, um alquimista que ate hoje não foi entendido em toda sua complexidade e inteligência, como costumo dizer um enviado que nos foi trazido para difundir conhecimentos e tonar nossas vidas um pouco mais fáceis.

Agradeçamos ao Grande Geômetra por nos enviar sempre sua providência e seus enviados.

Espero que tenham gostado desta história intrigante deste ícone da história.

Abraços fraternos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O LEVIATÃ - A LIBERDADE de Thomas Hobbes

DA LIBERDADE DOS SÚDITOS

"LIBERDADE significa, em sentido próprio, a ausência de oposição, ou seja, impedimentos externos, assim como explica Thomas Hobbes, estes conceito não se aplicam menos a criaturas irracionais e inanimadas, do que às racionais. Tudo que está amarrado ou envolvido de tal maneira que impeça este de poder mover-se senão dentro de certo espaço, estando este determinado pela oposição de certo espaço, pode-se afirmar que este não desfruta de liberdade. Assim o mesmo ocorre com todas as criaturas vivas, quando se encontram presas ou limitadas por paredes ou cadeias, acontece com as águas quando presas a um dique, canal ou barreira, assim mudam seu curso normal”.

Diferente é, porém quando o impedimento faz parte da constituição da própria coisa, não é costume dizer que esta não possui liberdade, mas que falta o poder de se mover, como a rocha que está parada, ou mesmo o homem que está em seu leito de desencarne.

 Maquiavel fez exatamente o mesmo no seu livro “O Príncipe” quando descreveu os tipos de monarquias que existiam, assim também a fez sobre as vantagens e as desvantagens em cada um dos tipos de governança, ainda o que ajudava ou prejudicava um monarca para manter-se no poder.

“Conformemente a este significado próprio e geralmente aceito da palavra, um homem livre é aquele que, naquelas coisas que graças a sua força e engenho é capaz de fazer, não é impedido de fazer o que tem vontade de fazer. Mas sempre que as palavras livre e liberdade são aplicadas a qualquer coisa que não é um corpo, há um abuso de linguagem; porque o que não se encontra sujeito ao movimento não se encontra sujeito a impedimentos. Portanto, quando se diz, por exemplo, que o caminho está livre, não se está indicando nenhuma liberdade do caminho, e sim daqueles que por ele caminham sem parar. E quando dizemos que uma doação é livre, não se está indicando nenhuma liberdade da doação, e sim do doador, que não é obrigado a fazê-la por lei ou pacto. Assim, quando falamos livremente, não se trata da liberdade da voz, ou da pronúncia, e sim do homem ao qual nenhuma lei obrigou a falar de maneira diferente da que usou. Por último,do uso da expressão livre-arbítrio não é possível inferir uma liberdade da vontade, do desejo ou da inclinação, mas apenas a liberdade do homem; a qual consiste no fato de ele não deparar com entraves ao fazer aquilo que tem vontade, desejo ou inclinação de fazer.”

A ideia de livre-arbítrio é mais que algo esparso, pois traz consigo a responsabilidade dos atos e a impossibilidade da impunidade, assim todo ato mau, gera consequências também más, o contrário também o é verdadeiro, pois todo ato bom, gera consequências também boas. Parece algo simples, mas deve ser muito respeitado, pois este é o conceito de justiça, que dá o real sentido a liberdade, pois liberdade sem justiça nos aproxima do reino animal e nos impele a luta pela vida, levados pelos instintos de defesa e a preponderância do mais forte sobre o mais fraco.

Hobbes separa a liberdade natural da liberdade do homem artificial, ou seja, tendo em vista conseguir a paz, e através disso sua própria conservação, criaram um homem artificial, ao qual chamamos Estado, assim também criaram cadeias artificiais, as chamadas leis civis, as quais nós mesmos, mediante pactos mútuos, prenderam numa das pontas à boca daquele homem ou assembleia a quem confiaram o poder soberano, e na outra ponta a seus próprios ouvidos. Embora esses laços por sua própria natureza sejam fracos é, no entanto, possível mantê-los devido ao perigo, se não pela dificuldade de rompê-los.

 Volto a lembrar neste trecho que o objetivo de se criar um Estado é buscar a paz entre os homens, através de leis e pactos onde o homem que detém a liberdade natural (chamada por Hobbes de lei de natureza) abre mão de parte dela, para que os outros também abram mãos de outras e assim sendo todos buscam paz para viverem e trabalharem, sem a preocupação das intervenções externas de outros que não sejam os entes reguladores.

A liberdade dos súditos, tendo em vista que em nenhum Estado do mundo foram estabelecidas regras suficientes para regular todas as ações e palavras dos homens (o que é uma coisa impossível), segue-se necessariamente que em todas as espécies de ações não previstas pelas leis, os homens tenham a liberdade de fazer o que a razão de cada um sugerir, como o for mais favorável a seu interesse. Porque tomando a liberdade em seu sentido próprio, como liberdade corpórea, isto é, como liberdade das cadeias e prisões, torna-se inteiramente absurdo que os homens clamem como o fazem, por uma liberdade de que tão manifestamente desfrutem. Por outro lado, entendendo a liberdade no sentido de isenção das leis, não é menos absurdo que todos os outros homens podem tornar-se senhores de suas vidas. Apesar do absurdo em que consiste, é isto que eles pedem, pois ignoram que as leis não têm poder algum para protegê-los, se não houver uma espada nas mãos de um homem, ou homens, encarregados de as por em execução. Portanto a liberdade dos súditos está apenas naquelas coisas que, ao regular suas ações o soberano permitiu: como a liberdade de comprar e vender, ou de outro modo realizar contratos mútuos; de cada um escolher sua residência, sua alimentação, sua profissão, instruir seus filhos conforme achar melhor, e coisas semelhantes.”

 A liberdade à qual se encontram tantas e tão honrosas referências nas obras de história e filosofia dos antigos gregos e romanos, assim como nos escritos e discursos dos que deles receberam todo o seu saber em matéria de política, não é a liberdade dos indivíduos, mas a liberdade do Estado; a qual é a mesma que todo homem deveria ter, se não houvesse leis civis nem nenhuma espécie de Estado.
Os atenienses e romanos eram livres, quer dizer, eram Estados livres. Não que qualquer indivíduo tivesse a liberdade de resistir a seu próprio representante: seu representante é que tinha a liberdade de resistir a outro povo, ou de invadi-lo.

“Quer o Estado seja monárquico, quer seja popular, a liberdade é sempre a mesma.”

 Hobbes assim reafirma aqui o que já discorreu em diversos capítulos sobre o Soberano – Rei ou Assembleia, sobre estes deterem o poder total de decisão. Poder este concedido pelo povo (homens e mulheres), que abrem mão de parte de suas liberdades pelo pacto estabelecido para o convívio no Estado em busca de paz, no caso dos países Democráticos por intermédio do sufrágio universal, escolhem seus devidos representantes.

 “Nestas partes ocidentais do mundo”, costumamos receber nossas opiniões relativas à instituição e aos direitos do Estado, de Aristóteles, Cícero e outros autores, gregos e romanos, que viviam em Estados populares, e em vez de fazerem derivar esses direitos dos princípios da natureza os transcreviam para seus livros a partir da prática de seus próprios Estados, que eram populares. Tal como os gramáticos descrevem as regras da linguagem a partir da prática do tempo, ou as regras da poesia a partir dos poemas de Homero e Virgílio. E como aos atenienses se ensinava (para neles impedir o desejo de mudar de governo) que eram homens livres, e que todos os que viviam em monarquia eram escravos, Aristóteles escreveu em sua Política (livro 6, cap. 2): Na democracia deve supor-se a liberdade; porque é geralmente reconhecido que ninguém é livre em nenhuma outra forma de governo. Tal como Aristóteles, também Cícero e outros autores baseavam sua doutrina civil nas opiniões dos romanos, que eram ensinados a odiar a monarquia, primeiro por aqueles que depuseram o soberano e passaram a partilhar entre si a soberania de Roma, e depois por seus sucessores...

“Passando agora concretamente à verdadeira liberdade dos súditos, ou seja, quais são as coisas que, embora ordenadas pelo soberano, não obstante eles podem sem injustiça recusar-se a fazer, é preciso examinar quais são os direitos que transferimos no momento em que criamos um Estado. Ou então, o que é a mesma coisa, qual a liberdade que a nós mesmos negamos, ao reconhecer todas as ações (sem exceção) do homem ou assembleia de quem fazemos nosso soberano. Porque de nosso ato de submissão fazem parte tanto nossa obrigação quanto nossa liberdade, as quais portanto devem ser inferidas por argumentos daí tirados, pois ninguém tem nenhuma obrigação que não derive de algum de seus próprios atos, visto que todos os homens são, por natureza, igualmente livres. Dado que tais argumentos terão que ser tirados ou das palavras expressas eu te autorizo todas as suas ações, ou da intenção daquele que se submete a seu poder (intenção que deve ser entendida como o fim devido ao qual assim se submeteu), a obrigação e a liberdade do súdito deve ser derivada, ou daquelas palavras (ou outras equivalentes), ou do fim da instituição da soberania, a saber: a paz dos súditos entre si, e sua defesa contra um inimigo comum.”
“Entende-se que a obrigação para com o soberano dura enquanto, e apenas enquanto, dura também o poder mediante o qual ele é capaz de proteger-nos. Porque o direito que por natureza os homens têm de defenderem-se a si mesmos não pode ser abandonado através de pacto algum.” Deste provém o conceito de legítima defesa, dos muros, portas, portões, cadeados, alarmes, cercas e outros que delimitam acesso a outros que não sejam o dono ou os que este permite que adentrem em seus domínios.

Após ler sobre liberdade e ser livre, em relação ao corpo e à liberdade natural, fiquei pensando em algumas situações de minha família.

Minha avó materna e minha mãezona, pois ela quem me criou, me mimou com seu colo sempre à disposição, me ensinou ser homem e responsável, esta pessoa maravilhosa a quem não tenho nem uma vírgula para falar mal, desde minhas remotas recordações, embora suas costas estejam sempre reclamando um merecido descanso, não para sequer um minuto, prefere o remédio para dor, a breve folga. Esta vende produtos de uma famosa marca por intermédio de catálogos, faz salgados e doces para fora, vende produtos de limpeza na garagem de casa, este último é o que mais lhe causa pesares, pois os grandes vasilhames de 25 a 30 litros são muito pesados, se isso já não bastasse ainda usa garrafas pet para armazenar todo o conteúdo, o que lhe possibilita a venda a varejo, assim suas costas e pernas estão sempre doloridas, ainda três vezes na semana dedica-se a aulas de natação e hidroginástica. Quando começou a fazer exercícios, foi para evitar que ficasse travada a ponto de não se mover como aconteceu há alguns anos atrás, mas ao invés de descansar e aproveitar a salutar disposição como um justo descanso, ela faz completamente o contrário, arruma sempre algo novo para fazer.

Assim quem a pode recriminar se esta vive em luta incessante contra a benesse, contra o ócio, quem pode garantir que esta contando com uma idade já pouco avançada, não faz de todas estas tarefas um motivo de vida, persistência e motivo real de sua saúde, quem pode garantir que esta se agisse de forma diferente, não estaria triste, acometida por doenças reais, ou mesmo psicossomáticas?

Minha avó paterna há alguns anos atrás mesmo contrariando a severas críticas dos seus, sempre foi muito independente, trabalhadora e nunca gostou que ninguém cuidasse de suas coisas, um belo dia estendendo roupas se pendurou no parapeito de sua casa e caiu de uma altura de mais ou menos seis metros, para piorar a situação, quando caiu ainda bateu a cabeça no primeiro degrau da escada, assim ficou em recuperação durante muito tempo e isso fez com que ela não pudesse mais se virar só, como sempre o fez, embora  ainda ande, ainda fale normalmente, converse e reconheça a todos normalmente, ela já não tem mais o mesmo vigor e discernimento claro e objetivo de outrora, por vezes até se esquece de algumas coisas.

Embora tenha sido um acidente muito feio e tenha ainda por conta de sua idade, abusado um pouco da sorte, quem poderia ir contra ao seu livre-arbítrio de querer manter-se por si e ninguém mais? Ainda será que depois de um terrível ensejo, como o que a acometeu teria esta sobrevivido, se fosse uma pessoa dependente e que esperasse que os outros por si fizessem seus afazeres? Penso eu que provavelmente não.

Eu mesmo acumulo sempre afazeres, trabalho em uma empresa que me toma o tempo no horário comercial, chego à minha casa por volta das dezenove horas, quando não mais tarde, ainda assim me ponho a escrever quando chego os trabalhos para a Maçonaria, para o blog que claro não me permito deixar abandonado pelo compromisso assumido, me dedico todos os sábados a doar algumas horas para trabalhos espiritualistas em favor de pessoas com sérios problemas na vida pessoal e também do lado psicossomático, quinzenalmente participo das sessões Maçônicas, sempre que temos eventos e ações de caridade e filantropia me inscrevo para ajudar como obreiro, ainda me deleito com longas horas à participar da vida de minha Filha, Esposa e Irmã, tenho o livro de minha autoria ao qual tenho dedicado algumas horas por semana para desenvolver a pesquisa, leitura e a escrita, leio um livro por semana, pois aproveito o momento que estou no caminho para o trabalho e de volta a minha residência para fazer isso.

Poderia dizer que isto toma todo o meu tempo, mas não é verdade, pois ainda sobra tempo para descansar e as vezes até para não fazer nada. Gosto de pensar que desta forma vivo mais e melhor, me desenvolvo e não deixo o tempo passar sem aproveitar cada minuto, assim vivo com muito menos tempo para reclamar de coisas ruins que porventura, hora ou outra acontecem, momentos breves estes que passam, creio que o tempo é muito valioso para me deixar acometer pela ira, ou desgosto, por muito tempo, assim logo volto a sorrir e planejar novos caminhos a percorrer.

Assim ser livre nada mais é que não fazer retirar dos outros direitos que não queira que de ti sejam extraídos, é reconhecer em si um conceito de sociedade e respeito ao próximo, assim afirmo amar ao próximo é algo muito sublime e ainda não nos é acessível como seres humanos, logo seres errantes, imperfeitos, mas se tivermos apreço aos outros já estaremos muito a frente em nossa escala evolutiva.
O conceito de liberdade como já disse anteriormente é intrínseco a cada ser e este o entende e o pratica se assim o quiser, porém quando alguém transpõe o direito de seus iguais, cabe ao Estado usar o peso de seu malhete e impor a multa, de indenização, o ato de restringir o direito de ir e vir, conhecido por cárcere ou prisão, garantindo aos outros o sentimento de justiça.

Embora não creia eu que esta seja a verdadeira forma de melhoria de nossa sociedade tão corrompida por sentimentos egoístas, sei que é ainda hoje extremamente necessária a presença do ente regulador o Estado, porém creio mais na intervenção pessoal das pessoas em prol do alastramento dos bons costumes, da ajuda mútua do que o ato coercitivo.

Deus instaurou a lei maior do livre-arbítrio, mas junto desta criou a lei de causa e efeito, assim aos que buscam incessantemente a luz, exala o saber de que para uma boa colheita é necessário também um ótimo plantio.

Que nós consigamos agir juntos sempre em busca do melhor, para nós e para os outros, sejamos sempre exemplos, pois cada vez mais e mais pessoas procurarão o bem agir como reflexo do que hoje fazemos, assim em um futuro próximo o conceito de Inteligência será o bem agir a qualquer custo, ao contrário do que hoje prevalece em nossos meios, que o inteligente é o se dar bem, indiferente dos meios utilizados. Pobres daqueles que agem desta maneira, pois tudo que hoje possuímos nada mais são do que empréstimos e a tudo nos será dado às contas ao final, assim devemos refletir... Será que vale a pena pagar esta fatura de insanidade e desrespeito, quando as dores que causamos nos outros estiver em nossas peles causando ardência?

Rogo a Deus que nunca me falte mãos para levar estes conceitos, nunca me faltem pernas para caminhar sobre estes caminhos, nunca me falte a visão para enxergar meus erros e ainda nunca me falte a voz para verbalizar aos quatro cantos do mundo o que nesta maravilhosa senda Maçônica tenho aprendido.

Um grande abraço fraterno a todos!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Sincronicidade e Individuação

O conceito de individuação foi criado pelo psicólogo Carl Gustav Jung e é um dos conceitos centrais da sua psicologia analítica.

Carl Gustav Jung nasceu em Kesswill na Suíça em 26 de julho de 1875 e faleceu na cidade de Küsnacht também na Suíça em 6 de junho de 1961, este importante ícone histórico foi um psiquiatra e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia Junguiana.

Já estudante de medicina, decide dedicar-se à até então obscura, especialidade de psiquiatria, após a leitura ocasional de um livro do psiquiatra Krafft-Ebing. Em 1900, Jung tornou-se interno na Clínica Psiquiátrica Burgholzli, em Zurique, então dirigida pelo psiquiatra Eugen Bleuler, famoso pela sua concepção de esquizofrenia.

Seguindo o seu treino prático na clínica, ele conduziu estudos com a associação de palavras. Já nessa época Jung propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. O médico deveria "propor perguntas que digam respeito ao homem em sua totalidade e não limitar-se apenas aos sintomas". Desde cedo ele já adiantava a ideia do que hoje está ganhando força em todos os campos com o nome de "Holismo", o ponto de vista do homem integral. A seus olhos "diante do paciente só existe a compreensão individual". Por isso evitava generalizar um método, uma panaceia para um determinado tipo de anomalia psíquica. Cada encontro é único e, sendo assim, não pode incorrer em qualquer tipo de padronização.

Holismo (do grego holos que significa inteiro ou todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma dos seus componentes. O sistema como um todo determina como se comportam as partes.

O princípio geral do Holismo pode ser resumido por Aristóteles, na sua Metafísica, quando afirma: O todo é maior do que a simples soma das suas partes.

A palavra foi criada por Jan Smuts, primeiro-ministro da África do Sul, no seu livro de 1926, Holism and Evolution, que a definiu assim: "A tendência da Natureza, através de evolução criativa, é a de formar qualquer "todo" como sendo maior do que a soma de suas partes".

Vê o mundo como um todo integrado, como um organismo.

É também chamado não-reducionismo, por ser o oposto do reducionismo e ao pensamento cartesiano. Pode ser visto também como o oposto de atomismo ou mesmo do materialismo.

De uma forma ou de outra, o princípio do holismo foi discutido por diversos pensadores ao longo da História. Nomeadamente pelo primeiro filósofo que o instituiu para a ciência, que foi o francês Augusto Comte (1798-1857) ao sobrepor a importância do espírito de conjunto (ou de síntese), sobre o espírito de detalhes (ou de análise), para uma compreensão adequada da ciência em si e de seu valor para o conjunto da existência humana. Entretanto, já no nosso tempo, o sociólogo e médico Nicholas A. Christakis explica que "nos últimos séculos o projeto cartesiano na ciência tem sido insuficiente ou redutor ao pretender romper a matéria em pedaços cada vez menores, na busca de entendimento. E isso pode funcionar, até certo ponto, mas também recolocar as coisas em conjunto, a fim de entendê-las melhor, devido à dificuldade ou complexidade de uma questão ou problema em particular, normalmente, vem sempre mais tarde no desenvolvimento da pesquisa, da abordagem de um cientista, ou no desenvolvimento da ciência".

Encontro com Sigmund Freud

Carl Gustav Jung em 1902 deslocou-se a Paris onde estudou com Pierre Janet, regressando no ano seguinte ao hospital de Burgholzli onde assumiu um cargo de chefia e onde, em 1904, montou um laboratório experimental em que implementou o seu célebre teste de associação de palavras para o diagnóstico psiquiátrico. Neste ínterim, Jung entra em contato com as obras de Sigmund Freud (1856-1939). Jung viu em Freud um companheiro para desbravar os caminhos da mente. Enviou-lhe copias de seus trabalhos sobre a existência do inconsciente, confirmando concepções freudianas de recalque e repressão. Ambos encantaram-se um com o outro, principalmente porque os dois desenvolviam trabalhos inéditos em medicina e psiquiatria.

A Individuação

A individuação, conforme descrita por Jung, é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do Si-mesmo, a totalidade (entenda-se totalidade como o conjunto das instâncias psíquicas sugeridas por Carl Jung, tais como persona, sombra, self, etc.) de sua personalidade individual. Jung entende que o atingimento da consciência dessa totalidade é a meta de desenvolvimento da psique, e que eventuais resistências em permitir o desenrolar natural do processo de individuação é uma das causas do sofrimento e da doença psíquica, uma vez que o inconsciente tenta compensar a unilateralidade do indivíduo através do princípio da enantiodromia.

Enantiodromia

Enantiodromia é um conceito introduzido na psicologia pelo psiquiatra Carl Gustav Jung no qual a superabundância de qualquer 'força' inevitavelmente produz o oposto do que é esperado. É de certo modo equivalente ao princípio de estabilidade no mundo natural, aonde qualquer extremo vem a ser incompatível com a ideia de equilíbrio, tal como esse conceito é entendido.

Jung o utilizou particularmente para se referir à ação inconsciente, conflitante com os desígnios da mente consciente. ("Aspectos da Masculinidade", capítulo 7).

No seu significado literal, "ir contra", concernindo ao caráter emergente do inconsciente no transcorrer da vivência. Esse fenômeno característico ocorre praticamente sempre que uma tendência extrema e/ou unilateral rege a vida consciente; uma contraposição igualmente poderosa, contudo, é erguida a tempo, e termina por inibir o desempenho consciente num primeiro momento e, em seguida, acaba mesmo por irromper o controle consciente da psique.

A enantiodromia é tipicamente experimentada em conjunto com sintomas associados com neurose aguda, e é muitas vezes um prenúncio de um renascimento da personalidade.

O descomunal plano mental sobre o qual a vida inconsciente da psique é erigida se mostra tão inacessível à nossa compreensão que talvez jamais cheguemos a saber, pormenorizadamente o mecanismo funcional pelo qual um ato 'mal' pode vir a desencadear um bem, por meio da enantiodromia, da mesma forma que um ato considerado 'bom' pode muito bem levar a um estado indesejável. ["A Fenomenologia do Espírito nos Contos de Fadas", capítulo 9].

Apesar do termo ter sido cunhado por Jung, esse conceito já pode ser identificado nas obras de Heráclito e Platão. Segundo Platão, em sua obra Phaedo, "Tudo surge desse modo, opostos criando opostos".

Um exemplo de enantiodromia é identificar os gêneros como feminino e masculino. Só se pode se entender o conceito de feminilidade caso consiga identificar o masculino também como seu oposto. Dessa forma, segundo Jung, conforme um indivíduo se identifica conscientemente como extremamente masculino, um conceito de extremamente feminina se forma em seu inconsciente em oposição ao seu “Eu masculino”. Outro exemplo seria o conflito entre um eu consciente extremamente bondoso e um eu inconsciente extremamente maligno. O conflito entre os dois é comum em neuroses agudas.

Jung ressaltou que o processo de individuação não entra em conflito com a norma coletiva do meio no qual o indivíduo se encontra, uma vez que esse processo, no seu entendimento, tem como condição para ocorrer que o ser humano tenha conseguido adaptar-se e inserir-se com sucesso dentro de seu ambiente, tornando-se um membro ativo de sua comunidade. O psicólogo suíço afirmou que poucos indivíduos alcançavam a meta da individuação de forma mais ampla.

Um dos passos necessários para a individuação seria a assimilação das quatro funções (sensação, pensamento, intuição e sentimento), conceitos definidos por Jung em sua teoria dos tipos psicológicos. Em seus estudos sobre a alquimia, Jung identificou a meta da individuação como sendo equivalente à "Opus Magna", ou "Grande Obra" dos alquimistas. A individuação também pode ser compreendida em termos globais como o processo que cria o mundo e o leva a seu destino (Rocha Filho, 2007), não sendo, por isso, uma exclusividade humana. A individuação, neste contexto, se identifica com o mecanismo de autorrealização, ou primeiro-motor do universo.

Sincronicidade

Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung  para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado. Desta forma, é necessário que consideremos os eventos sincronísticos não a relacionado com o princípio da causalidade, mas por terem um significado igual ou semelhante. A sincronicidade é também referida por Jung de "coincidência significativa".

O termo foi utilizado pela primeira vez em publicações científicas em 1929, porém Jung demorou ainda mais 21 anos para concluir a obra "Sincronicidade: um princípio de conexões acausais", onde o expõe e propõe o início da discussão sobre o assunto. Uma de suas últimas obras foi, segundo o próprio, a de elaboração mais demorada devido à complexidade do tema e da impossibilidade de reprodução dos eventos em ambiente controlado.

Em termos simples, sincronicidade é a experiência de ocorrerem dois (ou mais) eventos que coincidem de uma maneira que seja significativa para a pessoa (ou pessoas) que vivenciaram essa "coincidência significativa", onde esse significado sugere um padrão subjacente, uma sincronia.

A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico que é expresso através de eventos ou relações significativos. Foi este princípio, que Jung sentiu abrangido por seus conceitos de Arquétipo e Inconsciente coletivo, justamente o que uniu o médico psiquiatra Jung ao físico Wolfgang Pauli, dando início às pesquisas interdisciplinares em Física e Psicologia. Ocorre que a sincronicidade se manifesta às vezes atemporalmente e/ou em eventos energéticos acausais, e em ambos os casos são violados princípios associados ao paradigma científico vigente. Segundo Rocha Filho (2007), inclusive o insight pode ser um fenômeno sincronístico, assim como muitas descobertas científicas que, de acordo com dados históricos, ocorreram quase simultaneamente em diferentes lugares do mundo, sem que os cientistas tivessem qualquer contato.

Acredita-se que a sincronicidade é reveladora e necessita de uma compreensão, e essa compreensão poderia surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de "insight".

A saber, Rocha Filho é escritor e professor da Faculdade de Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS escreve sobre temas relacionados à formação inicial e continuada de professores, à experimentação, à transdisciplinaridade e às relações entre a física e a psicologia analítica. De tendência interdisciplinar, sua formação inclui análises clínicas, eletrônica, física, psicossomática, metodologia do ensino superior, educação, engenharia, filosofia e ensino de ciências.

Sincronicidade pelo cético é tida por coincidência, mas sabemos que muitas coisas que vemos e revemos a todos os momentos acontecerem não podem ser reproduzidas em laboratório, principalmente quando o assunto concernente é a psique humana.

Quantas vezes já não nos pegamos tendo o conhecido “Déjà vu ou Déjà vi”, como explicar o fato? 

Quem já leu sobre o famoso Alan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) que se notabilizou como o codificador do Espiritismo, também denominado de Doutrina Espírita, este quando começou a compilar o Livro dos Espíritos teve contato com grupos espíritas de cerca de quinze países da Europa e da América Latina, aparecem assim 1018 perguntas e respostas, estas foram no mesmo momento escritas em diversos lugares do mundo sem que os médiuns se conhecessem, sem que tivessem contatos anteriores, mas todas seguiam o mesmo propósito, pode-se chamar isso de sincronicidade, ou seria melhor desconsiderar o fato e apresentá-lo como mera coincidência?

Certamente já aconteceu isso com todos, o fato de recebermos uma carta de uma pessoa, um email, um telefonema de alguém exatamente no momento em que estamos pensando no mesmo, como explicar isso? Qual a possibilidade de estar sem dinheiro e avistar uma nota perdida e esta salvar o seu dia? Coincidência? Destino? Sincronicidade?

Sinceramente eu em meu parco conhecimento desconheço essas respostas, mas não por isso me nego a refletir e divagar sobre elas, muitas vezes ouço, que contra fatos não há argumentos, sendo assim procurando fatos sobre o assunto vejo os seguintes:

Como explicar o fato “Missing Time” ou “tempo perdido” é o nome que se dá ao fenômeno que algumas pessoas sofrem “perdendo o tempo” de forma absurda. O que acontece, segundo relato das vítimas, é que sem nenhuma explicação seus relógios perdem a sincronia com o horário real, e que muitas vezes esta falta de sincronia cronológica de seus aparelhos vem acompanhada de estranhas lembranças. Muito estranhas mesmo! Não se sabe o que realmente acontece com essas pessoas, mas supostamente esses teriam uma espécie de transferência para outros lugares e teriam sido devolvidas nas mesmas condições em que se encontravam sem nem mesmo ter percebido o que lhe ocorreu.

Entendam que não quero desviar o fator para o sobrenatural, no sentido literal da palavra, mas até mesmo o sobrenatural, o inexplicável, aquilo que foge ao que é palpável, como explicar a tudo isso?

Cito estes dois parágrafos anteriores para fazer-lhes o seguinte questionamento, é possível ignorarmos o fato de desconhecermos a nós mesmos? É possível empreendermos ações tomadas pelo sentimento de que sabemos tudo, ignorarmos uma massa envoltória que está além de nós mesmos, que rege a vida, a natureza como um todo? Temos o direito de negar a Deus como o único realmente sábio e nos postarmos entre colunas desejosos de ver a luz, se não acreditamos que o conhecimento é emanado por Este a aqueles que incansavelmente se questionam que questionam o meio em que vivemos, que lutam por não acreditarem no absolutismo humano?

Não pretendo com este texto criar uma revolta, mas apenas uma forma de nos questionarmos, podemos mesmo acreditar que Deus nos deu uma fórmula absoluta e imutável e que deve ser seguida cegamente? Com que intuito, para que lutemos contra o diferente nos digladiando sem fim, até que não sobre o azul, o rosa, o vermelho, o amarelo e finquemos assim uma bandeira branca?

Creio que estamos muito longe de sabermos algo, pois se olharmos para o céu e vislumbrarmos as estrelas mal conseguiremos contar quantas existem ao todo e mesmo com todas as máquinas mais poderosas de observação que foram até hoje construídas, podemos sequer imaginar um fim para tudo isto. Como podemos então afirmar isso existe, aquilo não?

Por fim analisando a “Sincronicidade e a Individuação, pude deduzir que somos parte de um todo, mas como indivíduos e buscando a progressão, devemos nos questionar, assim encontraremos novas respostas e posteriormente novas perguntas. Quanto mais perguntas tivermos quer dizer que mais respostas encontramos, assim mais ligados estaremos com a sincronia do mundo e porque não dizer do universo, do cosmo. Reconhecendo a Deus como “TUDO” e que fazemos parte deste, quanto mais perguntas nos fizermos, mais estaremos ligados a Ele e mais vezes teremos o privilégio de nos depararmos com acessos de sincronicidade.

Por fim tenho um pedido que gostaria de compartilhar:

Que todos nós humanos nos entendamos como humanos que somos e que não tentemos humanizar a Deus, pois somos criações Dele e não o contrário.