sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Influência Maçônica na Revolução Farroupilha


Qual o papel desempenhado, ou mesmo se a maçonaria atuou na Guerra dos Farrapos é ainda um grande alvo de controvérsias de todos os tipos, mas é certo que vários Maçons participaram da que seria a mais duradoura revolta contra o império.

Inclusive no ano de 2005 entre os dias 14 e 16 de setembro, em um Seminário Internacional que celebrava os 170 Anos da Revolução Farroupilha, Eliane Colussi que é professora de História da Universidade de Passo Fundo, afirma segundo seu ponto de vista que a influência desta Augusta Ordem foi muito mais mitológica do que real, citando como embasamento a esta conclusão o fato a divisão entre os Maçons por serem alguns partidários da revolução e outros que apoiavam a as forças imperiais regentes.

Eliane cita também a saída de Irmãos Maçons da cidade de São Leopoldo e o retorno destes após algum tempo, fundando nesta ocasião a loja Maçônica União e Fraternidade.

Embora sejam verdadeiros estes fatos, não são determinantes para afirmarmos ser a Revolta Maçônica ou não, pois dentro da Ordem somos levados a pensar, refletir, tomar posições, sermos donos de uma opinião própria e crítica não aceitando a todo e qualquer movimento, revolucionário ou não, mesmo que estes sejam tidos pela maioria dos Maçons, somos levados sempre a sermos seres pensantes, mas acima de tudo incita-se o respeito a opinião de todos.

Uma famosa frase de Voltaire traduz muito bem o pensamento e posicionamento Maçônico, esta frase diz: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las, sendo assim não é um fato como esse que faz desta um verdade, ou mesmo uma mentira.

A favor daqueles que afirmam a participação da Maçonaria neste ato revolucionário está a bandeira Rio Grandense, que é carregada de símbolos maçônicos, também pudera, pois foi ela idealizada por Coronel José Mariano de Matos e desenhada pelo Major Bernardo Pires, oficiais farroupilhas e Maçons.

Existem ainda para nos confundir pistas falsas como a Ata da Reunião Maçônica Philantropia & Liberdade de 18 de setembro de 1835 (muito difundida na internet), esta que teria definido estratégias da tomada de Porto Alegre, ofensiva inaugural do levante, porém esta Ata é fria, admitido por Peri Silveira, mestre da Loja Bento Gonçalves, pesquisador em história e Augustíssimo membro da Irmandade, este recusa definir os acontecimentos como uma "revolução maçônica".

Posso lhes dizer que nem uma corrente nem outra estão erradas, pois não foi dentro da maçonaria que se constituiu o ideal libertário da Revolta dos Farroupilhas, mas também não é correto dizer que não foi um ato Maçônico, pois o maior líder da Revolução era Bento Gonçalves da Silva que participou da fundação da primeira Loja Maçônica em Porto Alegre, que ocorreu no dia 23 de novembro de 1831, esta carregando o nome de Loja Philantropia & Liberdade, sob a égide e obediência do Grande Oriente Nacional Brasileiro, Bento Gonçalves da Silva foi o primeiro Venerável Mestre dessa.

Essa Revolta foi retratada pela minissérie "A Casa das Sete Mulheres" esta foi escrita por Maria Adelaide Amaral e Walter Negrão  com colaboração de Lúcio Manfredi e Vincent Villari, baseada no romance homônimo da escritora gaucha Letícia Wierzchowski, e dirigida por Teresa Lampreia, com direção geral de Jayme Monjardim e Marcos Schechtmann e direção de núcleo de Jayme Monjardim, porém como descrevi acima este não foi um retrato dos fatos que ocorreram na revolta armada, mas sim um romance que somente faz alusões ao que realmente aconteceu.

É fato que a Revolução embainhou a espada da ordem levando com sigo verdadeiros princípios e símbolos. Como pode ver abaixo onde é possível ler os porquês.

Os motivos que os levaram ao conflito foram, tributários, econômicos, políticos, militares, porém o motivo que fez a força deste foi um único ideal social, que pode ser observado na atuação de negros, índios, brancos, imbuídos por um só sentimento revolucionista.

A Província Rio Grandense tinha uma economia baseada na pecuária, voltada principalmente para o abastecimento do mercado interno nacional, porém os impostos cobrados para estes eram superiores ao produzido pelo Uruguai e Argentina, tendo estes maior vantagem frente ao produto gaúcho, este também foi um dos grandes incentivadores da Revolução. Além claro da precariedade dos serviços públicos, que comparados aos impostos eram uma vergonha, chegando há aproximadamente 150 mil habitantes e não tendo nenhuma escola pública e ainda uma precária infraestrutura.

Volto a afirmar que mesmo tendo diversos maçons envolvidos o início desta não pode ser atribuída aos templos da Ordem, porque se isto aconteceu não deixou registros que possam validar tais acontecimentos, com isto é mais provável supor que o ato tenha sido sim de maçons, mas de forma idealista dos mesmos.

Ato Comprovadamente Maçônico na Revolução Farroupilha

Bento Gonçalves era um verdadeiro esportista, um homem que se dedicava com muito afinco aos exercícios, existe um relato descrito por Alfredo Varela em "História da Grande Revolução" que a cela estreita e comprida do Forte de São Marcelo, uma ilha-prisão na Bahia de Todos os Santos, Salvador, não era o melhor lugar para o encarcerado presidente da República Rio Grandense exibir seus dotes físicos, foi quando tudo mudou a partir da licença dada pelos guardas para este nadar no mar, ainda que vigiado. Foi nadando que, em 10 de setembro de 1837, ,ele fugiu reaparecendo na república 60 dias depois.

Esta fuga é um dos episódios da insurreição em que a Maçonaria teve papel confirmado. Quando foi preso em 1836, depois da derrota na batalha de Fanfa, Bento foi trancafiado nas celas de Fortaleza de Santa Cruz e depois nas do Forte da Laje no Rio de Janeiro, desta tentou fugir e só não conseguiu por conta de seu companheiro de cárcere, Pedro Boticário, por gordo que era, ficou entalado nas grades da janela da cela. Posteriormente foi transferido para Salvador em São Marcelo, ainda no porto recebeu saudação de Irmãos Maçons e conspiradores liberais, porém abatido com a viagem teria feito pouco caso do encontro. Alguns dias depois emitiu um pedido de ajuda à loja local Virtude, que deu início a visitas periódicas e seu plano de fuga.

Às 10 horas do dia 10 de setembro, um domingo, o general que contava com 48 anos, despiu-se para o seu banho de mar e pôs-se a nadar, creio eu que a regalia tenha sido dada por conta da influência de propinas pagas por companheiros aos vigias. Teria iniciado nadando em voltas para distrair, mas há dada hora distanciou-se com braçadas frenéticas até atingir um baleeiro de seis remos posicionado por seus cúmplices na baia, o fugitivo raspou a barba como disfarce e foi acolhido por amigos conspiradores, aportou em Santa Catarina e cumpriu o resto do trajeto até a província vizinha a cavalo, sempre com apoio da Fraternidade.

De todos os mitos, que aos montes foram criados e divulgados, a fuga de Bento Gonçalves é o que há de mais palpável, pois existem documentos dentro da ordem que constatam essa articulação.

Poderia tomar todos os mesmos fatos já repetidos diversas vezes para engrandecer esta Augustíssima Ordem, a qual tenho muito Amor e Respeito, porém não estaria em cumprimento dos objetivos por eu destinado a todos aqueles que pretendam, verdadeiramente conhecer a Maçonaria.

Espero ter desvendado mais este mistério.

Um grande abraço para todos e aproveito para agradecer ao constante crescimento de leitores do blog, todos são muito bem vindos.

7 comentários:

  1. Li com muita atenção a matéria publicada, sou orador da Loja Caridade Rosariense nº 175 de Rosário do Sul RS, e realmente a obra
    é espetacular, vai de encontro com o meu pensamento, porém fica a certeza: "A MAÇONARIA SE NÃO FOI DECISIVA NA REVOLUÇÃO FARROUPILHA, ESTEVE PRESENTE E MUITO CONTRIBUIU PARA OS RESULTADOS DESTE MOVIMENTO POLÍTICO"

    ResponderExcluir
  2. "ideal libertário da Revolta dos Farroupilhas" ? !
    quanta hipocrisia !!
    ideal separatista é o correto.
    E hj essa gauchada boba fica a festejar uma guerra que perderam...kkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mesmo esta guerra tendo sido perdida, o gaúcho tem orgulho sim e muito, nós preservamos muito nossas tradições, nossas raízes.

      Excluir
    2. Até podemos ter perdido. Mas, lutamos por nossos ideais. E nos identificamos. E VOCÊ QUE NEM ISSO FAZ. VC É CARIOCA OU PAULISTA. SÓ PODE.

      Excluir
  3. Apesar de essa guerra ter sido perdida, temos muito orgulho de onde somos e de nossas tradições!!!

    ResponderExcluir
  4. Responder aos comentários desta pessoa seria dar ainda mais ênfase a estes recalcados que não tem uma história de luta em seu Estado. Vencer? Perder? O que importa é que lutamos e lutaremos SEMPRE, diferentemente destes críticos covardes, que nada tem a falar de seus Estados.

    ResponderExcluir
  5. Boa tarde,

    gostaria de saber quais foram as fontes das quais obteve tais informações: fuga de Bento e a articulação Maçônica para tal feito.

    Sou estudante de história e gostaria de ler mais sobre o fato, se possível.

    Pax Alta,

    Darezzo

    ResponderExcluir