O papel da Maçonaria na Revolução Francesa é também um ponto
de discórdia entre vários escritores, entre muitas autoridades eclesiásticas,
Maçônicas e também historiadores.
As diversas opiniões são muito controvérsias, por alguns é
atribuído um papel central e decisivo à Maçonaria, pela preparação, pela
conspiração e por fazer eclodir o furor
revolucionário contra a Família Real, outras vezes lhe atribuem também um
papel de algoz responsável pelas mortes de setembro e do Terror, ora fazendo
dela uma vítima entre as muitas que sucumbiram sob os
incontáveis golpes da guilhotina.
Vou lhes dizer que as muitas vezes que encontramos polêmicas
controversas pendendo ora para um lado, ora para o outro, a verdade normalmente
encontra-se no entremeio. Embora Maçom eu seja e adore fazer jus a nome desta
Augustíssima Ordem, sou mais propenso a corrente de que a Maçonaria foi
engolida pela Revolução, que apenas ajudou a preparar pela influência de seus
pensamentos, mas que também era muito presente na população na época por conta
da influência do iluminismo, tanto que este período ficou conhecido como o
"Século das Luzes".
Essa explosão, esse alvoroço de toda uma população contra
seus governantes, foi levado exatamente como supracitado pela influência do
Iluminismo, este assim como com a revolução Francesa também influenciou a
passagem da Maçonaria de Operativa para Especulativa (Iluminismo será um tema
que tratei em post posterior).
A participação dos Irmãos tornam-se muito mais prováveis como
ações individuais do que uma execução de um plano pré-estabelecido pela Ordem
Maçônica.
Na França de 1789, não existiram apenas uma, mas quatro
Revoluções Francesas entre 89 e 99 e cada uma delas que ia seguindo engolia
violentamente a anterior. A primeira dessas revoluções foi aristocrática (forma
de governo em que predominam nobres) e constitucional, por um lado partidária
do Duque de Orleans (Grão-Mestre do Grande Oriente de França), por outra
simplesmente defensora de um sistema de monarquista constitucional com Luiz
XVI, seguindo o modelo inglês, ou preservando a monarquia, seguindo os passos
do Constitucionalismo Liberal Norte-America. Nesse período despontam homens
como La Fayette (Marie-Joseph Paul Yves Roch Gilbert du Motier, mais conhecido
como Marquês de La Fayette de Auvergne, nascido em 6 de setembro de 1757,
falecido em 20 de maio de 1834, foi um aristocrata Francês famoso por sua
participação na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América e nos
Primórdios da Revolução Francesa.), o nome de Mirebeau (Honoré Gabriel Riqueti
de Mirebeau, conde de Mirabeau, foi um jornalista, escritor, político e grande
orador parlamentar francês) Barnave (Antoine-Pierre-Joseph-Marie Barnave,
nascido em Grenoble no dia 22 de Outubro de 1761 e guilhotinado em Paris no dia
28 de Novembro de 1793, era um político francês) e muitos outros, Lafayette e
Mirebeau eram maçons, já Barnave embora sobre este tenha recaído essa suspeita
pela grande maioria dos historiadores foi descartado.
Em todo o caso, na Assembleia Nacional Constituinte
Francesa, calcula-se que perto de 200 deputados seriam maçons, num total de
cerca de 1177. Isso não significa, todavia, que esses deputados estivessem
irmanados de qualquer plano revolucionário-maçônico, de que tivessem sido
incumbidos por qualquer diretório secreto, mas sim que carregavam em seus
íntimos os Preceitos da Ordem.
A segunda revolução, a Revolução Girondina, foi de origem
burguesa, defendia os direitos de propriedade, monárquica e constitucionalista,
por convicção, parcialmente regicida (pessoa que mata um rei ou rainha), por
necessidade, ainda que só a Convenção tenha decidido sobre o destino de Luís
XVI (nascido em 23 de agosto de 1754 em Versalhes e executado em 21 de janeiro
de 1793 em Paris, foi rei da França de 1774 - 1791, depois rei dos franceses de
1791 - 1792). Entre os deputados da Assembleia Legislativa deste tempo,
calcula-se que mais de 200 destes fossem maçons, num total de 745. Muitos dos
chefes girondinos eram igualmente maçons, como Jacques-Pierre Brissot (nascido
em Chartres, França em 15 de Janeiro de 1754, falecido em Paris no dia 31 de
Outubro de 1793 guilhotinado) foi um político revolucionário francês e chefe do
partido político Gironda. Estudou em Paris e Londres, e trabalhou como ajudante
de um escritório de advocacia em Paris. Foi preso por três meses na Bastilha,
sob a acusação de escrever contra a Rainha. Participou da derrubada da Bastilha
em 1789, e foi eleito para a Assembleia Nacional pelo Gironda, partido político
burguês moderado na Revolução Francesa, e de oposição aos radicais democratas
jacobinos. Tornou-se líder dos Girondinos, e caiu em desgraça. Terminou sendo
guilhotinado com outros companheiros de movimento, segundo documentos era
membro da loja Les Neuf Soeurs, também frequentada por Georges Jacques Danton
(nascido em 26 de outubro de 1759, falecido em 5 de abril de 1794 em Paris) foi
advogado e político francês, se tornou uma figura destacada nos estágios
iniciais da Revolução Francesa, assim como Lucie Simplice Camille Benoist
Desmoulins (nascido em 2 de março de 1760 em Guise, Aisne falecido em 5 de
abril de 1794 em Paris) foi advogado, jornalista e revolucionário francês, foi
também melhor amigo de Robespierre.
A terceira revolução, jacobina, teve também protagonistas
maçons, entre eles, os seus chefes principais, Georges-Jacques Danton e
Maximilien Robespierre (nascido em Arras dia 6 de maio de 1758, falecido em
Paris dia 28 de julho de 1794) foi um advogado e político francês e uma das
personalidades mais importantes da Revolução Francesa.
Os seus amigos chamavam-lhe "O Incorruptível".
Principal membro dos Montanha durante a Convenção, ele encarnou a tendência
mais radical da Revolução, transformando-se numa das personagens mais
controversas deste período. Os seus inimigos chamavam-lhe o “Candeia de Arras”,
“Tirano” e “Ditador sanguinário” durante o Terror, frequentara em Arras, na
juventude, a loja Hesdin, enquanto Danton e outros, como Desmoulins e Hérbert,
sejam tidos como obreiros da célebre loja de Paris Les Neuf Soeurs. Isso não
logrou, todavia, que a célebre harmonia maçônica reinasse entre estes Irmãos,
ao ponto dos três últimos – Hérbert, Desmoulins e Danton, terem visto as suas
vidas findarem na guilhotina, por ação de Robespierre. E o mesmo sucedeu no
ciclo seguinte da Revolução Thermidoriana, na qual padeceram, por sua vez, os
maçons Robespierre e Couthon, entre outros também, às mãos de maçons, alguns
deles que, tal como eles, pertenciam até ao Comitê de Salvação Pública, como,
segundo parece, Collot d’Herbois e o próprio Barras.
Não obstante, a polêmica sobre a filiação maçônica de muitos
destes homens é grande, mas na verdade esta é uma questão desnecessária para avaliarmos
a importância da Ordem Maçônica nos momentos determinantes da Revolução. Na
verdade, a tese favorável mais radical inclina-se para afirmar que a Revolução
foi obra da Maçonaria e que se desenrolou consoante os seus planos. Ora eu
custo muito a acreditar pela evidência dos fatos e pela lógica das coisas. Primeiro
não houve uma revolução, mas uma sequência de golpes e contragolpes que levaram
à sucessão e destituição de diferentes grupos políticos no poder, assim como à
instauração de regimes políticos também eles desiguais nos valores
estruturantes. Por conseguinte, nada disto era planificável, foi andando ao
sabor dos acontecimentos, dos protagonismos individuais, de pequenos grupos
dirigentes e a fatos muitas vezes comprovadamente acidentais. Segundo, porque
se alguma coisa caracteriza os dez anos da Revolução foi o fato dela ter, como
dizia premonitoriamente Vergniaud, “como Saturno, devorado os seus filhos”, ou,
utilizando linguagem Maçônica, devorado muitos dos seus irmãos. Por outras
palavras, não se vê possível um complô Maçônico (ou outro qualquer) que traçasse
um plano tão caótico quanto o foi à sucessão de acontecimentos da Revolução
Francesa, nem se imagina que os homens que eventualmente o tivessem gerado acabassem
em semelhante tragédia. Não é, pois, razoável imaginar que os acontecimentos da
Revolução Francesa fossem susceptíveis de um plano pré-concebido, menos ainda
que tivesse sido imaginada e executada por quem quer que fosse menos ainda
pelas suas sucessivas vítimas.
Ainda que a maior parte dos historiadores do tempo e da
primeira parte do século XVIII (entre eles Michelet e Blanc) quase a não
refiram e não lhe deem relevo, a tese da influência Maçônica na Revolução é praticamente
contemporânea dos primeiros acontecimentos revolucionários, e é devida ao Abade
Lefranc, um dos mais de 180 padres assassinados nos massacres de Setembro de
92, que, nesse mesmo ano, publicou um livro extenso intitulado Conspiração
contra a religião católica e os governantes, cujo projeto concebido na França
deve ser executado em todo o universo, (Conjuration contre la religion
catholique et les souverains, dont le projet conçut en France doit s’exécuter
dans l’Univers entier) no qual defendeu a tese de que fora a Maçonaria a autora
da Revolução. Lefranc foi seguido na literatura antimaçônica e antirrevolucionária
pelo célebre Abade Augusto Barruel, que, em 1798, publicou o seu não menos
célebre livro Memória para utilização na história do jacobinismo (Mémoires pour
servir à la histoire du jacobinisme).
Estas obras ajudaram a criar a ideia da
existência de uma conspiração vinda de fora da França contra a França e as
monarquias europeias, que originou a Revolução, da qual seria responsável a
Franco-Maçonaria francesa, enquanto mero tentáculo espúrio da “sinistra” Ordem
dos Iluminados da Baviera, os célebres Illuminati que ainda hoje enchem páginas
imensas da literatura “histórica” fantasiosa, como são o caso dos folhetins de
David Brown (sobre as teorias históricas conspirativas, entre elas as que
envolvem a Revolução Francesa e a Maçonaria, os Illuminati e os Templários, a
interessante obra de Nicholas Hagger, The Secret History of the West, 2005).
É muito claro que os fatos descritos em todas as obras
contemporâneas sobre a Revolução não permite sermos ingênuos, assim como não permite
que alguém de sério cunho histórico diga que a Maçonaria tenha sido neutra
nesta revolução e nem ao extremo oposto de dizer que esta Augustíssima Ordem
tenha sido a criadora do movimento revolucionário.
Tratemos, então agora, do caso particular de
Philippe-Egalité, Grão-Mestre do Grande Oriente de França, indiscutível
pretendente ao trono em substituição do seu primo Luís XVI, e a cujas influências
se imputam muitos dos primeiros acontecimentos revolucionários. Parece hoje
inquestionável que, apoiado por homens como Mirebeau e Choderlos de Laclos e,
até - há quem o sustente - pelo próprio Danton, o Duque de Orléans conspirou
contra o seu primo e gastou nessa actuação uma verdadeira fortuna, ele que era
o segundo maior proprietário do reino, imediatamente a seguir a Luis XVI. Estas
eram, pelo menos, as suspeitas de Luís XVI e, sobretudo, de Maria Antonieta,
que votava a Philipe uma desconsideração muito particular, embora hoje se
acredite que a sua participação no fomento do fervor revolucionário não teve a
dimensão, pelo menos nas ruas de Paris, que alguma historiografia lhe concedeu.
É certo que ele foi, como já vimos, Grão-Mestre do GOF, mas parece também que a
sua proximidade à Maçonaria era mais honorífica e formal do que material. O
verdadeiro administrador-geral do Grande Oriente foi, por esses tempos e até
1789, quando emigrou para Inglaterra na sequência dos primeiros acontecimentos
revolucionários (e, nesse mesmo ano, para Lisboa, onde veio a morrer), o émigré
Sigismond de Montemorency-Luxembourg, adversário declarado do Duque d´Orléans e
fiel partidário da Monarquia (na melhor das hipóteses, Constitucional...), que
queria ver protagonizada por Luís XVI e não pelo seu duvidoso primo. Deste
modo, poderemos concluir que os acontecimentos que levam até 1789 ultrapassam
qualquer conspiração da Maçonaria, ou de uma loja maçônica, que pudesse ter
sido concebida em favor das pretensões de Orléans. Esta, a ter existido, muito
rapidamente perdeu fôlego e foi ultrapassada, pouco tempo depois de 14 de
Julho, pela radicalização popular e sans-coulotte do processo revolucionário.
Após a queda do Rei e o fim da Monarquia a 10 de Agosto de 92, o pobre Duque
tornou-se uma figura verdadeiramente patética e transformou-se no absurdo
Citoyen Égalité, ele que ainda no começo desse ano tentara uma reconciliação
com Luís XVI, apenas frustrada pela intransigência, mais do que justificada,
diga-se, do Rei. Caído em desgraça, foi preso a 6 de Abril de 1793, ainda pelo
regime do Primeiro Terror. Em estado de desespero, o pobre homem tentou mesmo
desmarcar-se do seu passado maçônico (o que demonstra bem que essa não era uma
qualidade apreciada pela nova República), demitiu-se do cargo de Grão-Mestre a
5 de Janeiro de 93, e publicou uma deplorável carta de contrição no Jornal de
Paris, a 22 de Fevereiro seguinte, pedindo desculpa por ter sido Maçom nestes
termos: “Não conhecendo a maneira pela qual se compõe o Grande Oriente e não
devendo haver, na minha opinião, nenhum mistério e nenhuma assembléia secreta
numa República, sobretudo no princípio do seu estabelecimento, já não quero
envolver-me em coisa nenhuma do Grande Oriente, nem saber das assembleias de franco
maçons”. O ato foi-lhe de nenhuma utilidade, já que a lâmina da guilhotina lhe
trataria competentemente do pescoço a 6 de Novembro de 93.
Sendo assim é impossível pensar que uma Ordem tenha se
envolvido nestes fatos a não ser como incitadora do fim desta tão atroz
disputa, vemos que o ato de constituição foi ajudado pelos preceitos Maçônicos,
mas esta ordem nunca ordenaria a morte de seus Irmãos pela guilhotina, esses
atos resultaram da disputa pelo poder, atos profanos e sem piedade ou consciência
fraternal, tiveram muitos líderes que eram Maçons, mas assim também ocorre hoje
em dia em diversos governos espalhados pelo mundo onde políticos são parte
integrante da Ordem, o que não quer dizer que estes sigam os conceitos de
pureza em todos os seus atos, mas digo veementemente convicto que a hora da
mudança deste quadro virá e a Revolução virá do seio da população cansada de
ser enganada, escravizada e subestimada, assim que isso acontecer, verão também
muitos Irmãos unidos num só ideal, mas rogo que o Grandioso pai de todas as
Nações nos auxilie em nossos atos, não permitindo que o derramamento de sangue
em nenhuma das partes ocorram, que a retirada maciça desta podridão que nos
representa, se dê defendendo os direitos ignorados com a luz da sabedoria e não
aquela temporária causada pelo estrondo da pólvora, mas que logo a seguir é
encoberta pela nuvem negra de fumaça e de sofrimento.
Um grande abraço a todos e espero que tenham gostado desta
postagem, se restarem dúvidas podem comentar que responderei com muito prazer
em momento oportuno.